domingo, 22 de fevereiro de 2015

A mão do poeta

Ao Fred Gustavo dos Anjos,
depois de ter lido Paisagens e Descobertas

O poeta, é sabido, conhece
o sentido da sua mão
e perdoa a bizarria
de crescer sozinha
com o impulso da ave
ou o fermento do pão

Porque ele sabe que a mão
o prende à raiz do chão
onde o rigor do seu“não!”
varre da casa a podridão

Por isso, se o poeta à praça traz
seus dentes caídos, a face desfeita
é para perscrutar no mastro
o pano que drapeja
e corrigir com a mão
a direcção do vento.

(Conceição Lima - poeta são-tomense)

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