quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Agito, bebo o sumo

Ou de quando meu lado Ogã quer fazer poema.

Se o ponto é mentira, santo não desce;
descrevo, jogo. Resisto.
Se o canto é magia, o manto padece;
danço, logo excito.

A vida como ela é e ponto:
Intenso bógus, vírus;
na roda das futilidades -
lenço, logo espirro.
Trairagens e vacilantes contos:
Inscrevo fogo; desisto.
Numa certa curva... vaidades -
Confino e desço o fumo

Um vento desgovernado, incerto
Denso, fogo líquido
Se o paraíso repousa, é ouro de tolo
Beijo mamilo, hesito
E quando o céu parece perto
Canso, logo espicho.
Se a palavra é sombra, fetiche, dolo
com gritos, ergo mundos.

O mar em ondas que abraço...
prezo, rogo: invisto.
Envolto de olhares largos,
tenso, logo aflito.
Se me pensam perdido no inchaço,
teso, logo minto;
seja na lua ou nos lagos amargos
cobiço, mexo fundo

Se o povo é mentira, santo não desce;
descrevo, jogo. Resisto.
Se o canto é magia, o manto padece;
danço, logo excito.

(Guellwaar Adún - Ogum's Toques Negros: Coletânea Poética, 2014, p. 104-105)

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