quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crise do Preto-Óleo Brasileiro

Marcha a rua a marcha fúnebre
Reta, certa, seta, meta do progresso
Corta, carne, corta, corta, célere
Corta, corta, o preto-pobre-verde-amarelo abscesso.

Sangra a rua, verde e amarela,
Mancha o sangue vermelho-preto
A bandeira hasteada na ferida-favela:
Ordem, progresso e medo.
Ordem, progresso, medo.

Bem à frente, sempre acima,
O Exército das Pessoas de Bem:
Expurga da Nação o sangue que a contamina!
Corta, corta, preto, pombo, sujo, ninguém.

Enquanto avança a máquina movida a preto-óleo (vermelho)
Nas senzalas, há 500 anos, ecoa o silêncio
Com que o negro-bom-trabalhador se olha no espelho,
Branco alterego de si mesmo: venho, vejo, venço.

E roda a roda, rola a bola, toca, cúmplice, ao pé do artilheiro
A escolha inadiável, pro delírio da torcida, a artilharia:
Gol! Gol! Gol! Gol! 12 gols na rede do dia-a-dia,
12 corpos (negros, vagabundos) ao chão do terreiro.

É com imenso pesar, que das valas coloniais,
Anuncio do futuro, o retorno do Impossível:
O espectro guinal de um negro vagabundo – invencível!
Banhando de sangue Negro afro-corações imortais.

(Madiba do Brasil)

Nenhum comentário:

Postar um comentário