Minha beleza não está à venda
No seu mercado negro.
Meu nome: risquei, com tinta preta,
Da sua lista negra.
Minha alma não cabe em sua igreja.
A música não está em meu sangue,
O ritmo não percorre minha veia,
Mas estão, contudo,
Em lugar mais profundo
Do que alcançam seus olhos
De colonial descoberta.
Tenho raízes onde a Humanidade começa
E guardo segredos desde o ventre
De uma memória ancestral
No entanto: presente
Que quando feita a verdadeira descoberta
Desaparecerá como fantasma
E ressurgirá,
Das cinzas maquinais,
Maior e melhor semente.
Fui o passado, serei o futuro.
Estou, pois, desde sempre, presente.
Nem tentem me apagar,
Não conseguirão me diluir.
Minha negritude agora pulsa em corações
Outrora colonizados por seu sangue azul.
E se um dia me foram trancadas as portas da história,
Hoje abro as do futuro,
Pois cada verso é um brado, de alegria
Por um mundo tão claro quanto escuro.
(Madiba do Brasil)
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