quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Irun

Torneia rosto, corpo e identidade
Se alia a parceiros de feminilidade
Atende a comandos de mãos próprias e alheias
Exceto o de se inclinar
Não se curva
Não esmorece
Frente à subserviência, se avoluma
Beleza transcendentemente crespa
A moda das lutas diárias
Tendências nas passarelas da resiliência
Da menina-mulher-da-pele-preta
Do menino-homem-dos-lábios-fartos
Rebeldes padrões que esterilizam diversidades
Subvertem a natureza
Duros ferros aquecidos que alisam fios
Acorrentam mentes
Ruins gentilezas formolmente amoníacas
Desfazem tranças
Entristecem nagôs ancestrais
A fé o regenera
Por sacro-navalhas, a queda
O Orí às águas entrega
Firma Eledá

(Gabriela Ramos - Ogum's Toques: Coletânea Poética, 2014, p. 91)

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