domingo, 22 de fevereiro de 2015

No cais

Há vibrações metálicas chispando
Nas sossegadas águas da baía.
Gaivotas brancas vão e vêm, bicando
Os peixes numa louca gritaria.

Escurece. Do largo vão chegando
As velas com a farta pescaria.
As bóias põem no mar um choro brando
De luzes a cantar em romaria.

E entretanto no cais as lides crescem.
Arcos voltaicos súbito amanhecem,
A alumiar guindastes e traineiras…

E ouve-se então mais forte, mais vibrante,
Os pretos a cantar, noite adiante,
Por entre a bulha e o pó das carvoeiras…

(Rui de Noronha - poeta moçambicano)

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