quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Tristes maracatus

Baticuns maracatucando
na minh’alma de moleque
Buneca negra na minha meninice
de “negro preto” de São José
Nas águas de calunga
a Kambinda me inspirando amor
O primeiro cafuné no mato verde
Da campina do Bodé
Rum de amor de negra
Rumpi de desejo de mulata
Lê de realização cafusa
Sons de protestos
Num mundo de guerra
E de ódio

Criação de Olorum
O mais tolerante dos deuses
O mais pacífico
Dos criadores
O mais estético
Dos chefes de raça

Tristes maracatus
Em maracatus alegres
Que se vão distantes
Em ritmo calmo de congo
Em acelerado moçambique
Em toque de Kêto
De Jejê e de Angola
Maracatus meus…

(Solano Trindade)

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