quarta-feira, 8 de abril de 2015

Libertar a poesia

Dou voz a uma dor calada,
essa história de boca costurada a arame farpado
solfejando jingas tristes em meio ao festim da ironia.
Estrangulo a felicidade que rebola e escorrega das fartas nádegas.
Nas vielas, visto farrapos, no exílio de meu sorriso banguela 
onde deixo a alegria de cócoras em busca da miséria que a defenda.
Até o poema tortura, versos são navios negreiros sepultando o que foge à dominação. 
Vomito a cicuta engasgada no esquecimento aniquilador de dores sangradas no horizonte do delírio. 
Cravei liberdade no cravo que perfuma o quilombo de meus olhos que serenam sangue. 
Usaram ferro, em brasas, para marcar meu lombo, mas minha chama queimou a brasa!
O ferro que alisa a honra não passará sobre os caracóis de meus cabelos crespos. 
A métrica brocha não masturba minha vaidade de beiço carnudo, tudo aqui é mais quente, e minha beleza, ela dança no ritmo da cópula...

(Cláudio Andrade)

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