quarta-feira, 15 de abril de 2015

Ovo do capeta

Eu, que tantos sou
de vez em quando, perco a vez,
dou lugar àquela senhora, na mesa ao lado,
que me olha e se pergunta, o que eu estou fazendo ali...
Então viro o segurança do shopping me perseguindo por trás das pilastras,
o recepcionista que me barra na entrada da festa ... eu, a lista que se exclui...
Ressuscito o amor sepultado pela menina que tinha nojo da minha cor, sinto-me nojo.
Logo viro o policial que me agarra pelo colarinho e me manda procurar a minha turma,
carcereiro guardando navios negreiros, lustrando o tronco...
Justiça me fazendo referência da marginalidade...
História me excluindo do banquete do tempo...

Dou voz ao burguês com o discurso classista me excluindo a mim mesmo...
Nesse momento é hora de fazer abolição na alma, pois é na mente e no coração que se dá a colonização..

(Cláudio Andrade)

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