Naquele dia
Meu pixaim elétrico gritava alto
Provocava sem alisar ninguém
Meu cabelo estava cheio de si
Naquele dia
Preparei a carapinha para enfrentar
A monotonia da paisagem da estrada
Soltei os grampos e segui
De cara para o vento
Bem desaforada
Sem esconder volumes nem negar raízes
Pura filosofia
Meu cabelo escuro, crespo, alto e grave
Quase um caso de polícia em meio à pasmaceira da cidade
Incomodou identidades e pariu novas cabeças
Abaixo a demagogia
Soltei as amarras e recusei qualquer relaxante
Assumi as minhas raízes
ainda que brincasse com alguns matizes
Confrontando o meu pixaim elétrico
com as cores pálidas do dia
Pixaim, elétrico!
(Cristiane Sobral - Não vou mais lavar os pratos. Dulcina Editora. 2ª Edição. 2011. Brasília)
Nenhum comentário:
Postar um comentário