terça-feira, 14 de abril de 2015

Pixaim elétrico

Naquele dia
Meu pixaim elétrico gritava alto
Provocava sem alisar ninguém
Meu cabelo estava cheio de si

Naquele dia
Preparei a carapinha para enfrentar
A monotonia da paisagem da estrada
Soltei os grampos e segui
De cara para o vento
Bem desaforada
Sem esconder volumes nem negar raízes

Pura filosofia
Meu cabelo escuro, crespo, alto e grave
Quase um caso de polícia em meio à pasmaceira da cidade
Incomodou identidades e pariu novas cabeças

Abaixo a demagogia
Soltei as amarras e recusei qualquer relaxante
Assumi as minhas raízes
ainda que brincasse com alguns matizes
Confrontando o meu pixaim elétrico
com as cores pálidas do dia

Pixaim, elétrico!

(Cristiane Sobral - Não vou mais lavar os pratos. Dulcina Editora. 2ª Edição. 2011. Brasília)

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