o que é que vai ser
quando o samba abrir uma fenda
bem no meio da sinfonia?
com’é que vai ficar, compadre
quando a macumba
entrar na sacristia?
e quando a pureza da cultura abrir as pernas
e mostrar pra todo mundo
que nunca teve cabaço
a dança de terreiro
rasgar terno e gravata
a ginga der meia-lua-de-compasso na compostura
a gente puder falar
sem algema ou atadura
a verdade
partir a cara da hipocrisia
o pão for repartido na marra?
não adianta fechar a cara
nem se fazer de besta
qu’Exu vai rir na abertura da festa
e Cristo vai gargalhar pela primeira vez na história
e
viva o pagode
da memória liberta
e do futuro concebido
com a porta aberta!
(Cuti)
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